(via like the ocean)

A propósito de raposas

- Bom dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

- Ah! desculpa, disse o principezinho.

- Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."

- Criar laços?

- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

                         in O Principezinho, de Antoine de Saint Exuperry

Fazer gazeta

Hoje não há post. Estamos em greve.

Dias de chuva

Love - "José e Pilar. Retrato de uma relação"

"José e Pilar" é uma história de amor. A vida de um homem que produziu uma obra de génio, vista por um realizador que o acompanhou durante os últimos quatro anos da sua vida. José Saramago e Pilar del Rio conheceram-se em 1986, quando ela tinha 36 e ele 64 anos. Casaram-se em 1988 e viveram juntos até ao fim dos seus dias. Este filme é sobre como decidiram dedicar a sua vida um ao outro.
No cinema estavam 10 pessoas. Eu ri-me, admirei-me, emocionei-me e saí da sala com uma imensa vontade de me apaixonar. Assim.

A visitar

Há por esta internet fora muito lixo e muito disparate. A democratização da escrita também é isto. Mas há muito boas ideias e gente talentosa e original. De géneros completamente diferentes, aqui ficam três páginas que acho um exemplo disto mesmo.

O Alfaiate Lisboeta é um blog que começou com um sujeito que decidiu pegar na câmara e fotografar a roupa de quem por alguma razão lhe chamava a atenção pelo charme, pela postura ou pelo estilo. Um blog que se tornou um fenómeno, já fez aparecer o seu autor na televisão, e descobri à pouco tempo, tem uma coluna no jornal OMetro. Mérito do autor, um homem de barba feita que não tem medo de parecer mariquinhas. 

A um metro do chão tem como autora a jornalista Inês Teotónio Pereira. Os textos simples e com imensa graça mostram-nos como a visão das crianças torna o mundo tão mais simples. 

Dias que voam é uma espécie de um museu virtual. Recortes de jornais, capas de revista, anúncios, receitas, imagens, personagens, paisagens, postais, edifícios... aqui vale tudo, desde que seja do antigamente. Ia-me ter dado um jeitão se existisse na altura em que eu ainda andava na escola.

Como é que nós ficamos caidinhas?

Assim:

E não é para todos

Ser decidido não é uma escolha, é um privilégio.

Há dias e dias

Há dias muito certinhos.

Dias que são uma confusão.

E dias em que ficamos com os cabelos em pé!

(Imagens de Audrey Hepburn Complex)

Métodos de poupança

Subri, depois de passar noites acordado com dores de dentes, pede autorização para se ausentar a fim de ir de comboio a Alepo, ao dentista. Regressa dois dias depois, a sorrir.

A sua narrativa dos acontecimentos é a seguinte:

"Eu vou ao dentista. Sento-me na cadeira. Mostro-lhe o dente. Sim, diz ele, tem de ser arrancado. Quanto é, digo eu. Vinte francos, diz ele. É absurdo, digo eu e saio da casa. À tarde vou outra vez. Quanto é? Dezoito francos. Digo outra vez absurdo. A dor vai aumentando o tempo todo, mas uma pessoa não pode permitir que a roubem. Volto na manhã seguinte. Quanto é? Dezoito francos ainda. Outra vez ao meio dia. Dezoito francos. Ele julga que a dor me há-de vencer, mas eu continuo a regatear! Por fim, eu venço."

"Ele baixa?"

Subri abana a cabeça.

"Não, ele não baixa, mas eu faço um belo negócio. Muito bem, digo eu. Dezoito francos. Mas por esse preço tem de me arrancar não um dente, mas quatro!"

Subri ri-se com enorme satisfação, mostrando vários espaços sem dentes.

"Mas os outros dentes doíam?"

"Não, claro que não. Mas um dia iam começar a doer. Agora já não podem. Foram arrancados, e pelo preço de um."

                                                                   in Come, tell me how you live,

                                                                        de Agatha Christie

Arriscar

Exactamente um mês depois do aniverário, está encontrado o verbo para os meus 28 anos: arriscar!

Registarei o balanço daqui a um ano. 

(imagem de most beautiful darling)

"Não vá mais longe...

...compre no comércio tradicional!" é o slogan que a Junta de Freguesia de Benfica decidiu criar para dinamizar o comércio tradicional e incentivar os fregueses a comprarem nos estabelecimentos comerciais tradicionais.

Nestes tempos de orçamentos apertados, em que a maior parte das pessoas tem como factor decisivo da compra o preço, é preciso apostar noutras características que nos levem a decidir onde comprar: a qualidade, a proximidade e a simpatia no atendimento são elementos fundamentais para atrair e fidelizar a clientela.
No bairro onde moro, na zona de Benfica, existem imensas lojas de comércio tradicional e muito diversificadas. E a Junta de Freguesia teve a ideia de criar um Cartão Freguês que permite obter decontos nos estabelecimentos comerciais, empresas e instituições de saúde existentes na freguesia que aderirem a esta iniciativa. Para mim, que sempre fui uma fã destas lojas de bairro, parece-me uma ideia bem original, e ainda um incentivo para evitar as abomináveis e sufocantes multidões dos centros comerciais (onde confesso que claro que às vezes também vou...), cada vez mais cheios à medida que nos aproximamos do Natal.

(a fotografia é daqui, mas que podia muito bem ser em Benfica!)

Estendais

 

FA-BU-LO-SO

Uma voz indescritível e uma espantosa orquestra a acompanhar.

Um artista generoso que me pareceu genuinamente comovido com os aplausos e com o calor do publico que o acolheu.

Um concerto muito acima das minhas expectativas, e por isso, ainda melhor. Um senhor concerto, ontem no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.

Procura-se: pretexto para aqui voltar

(imagem de Audrey Hepburn Complex)

Eat Pray Love - OST

A banda sonora deste mês está nos tops e o filme ainda nos cinemas. Eu vi e registei: uma Julia Roberts que está cada vez mais bonita e magníficas paisagens de Itália, da Índia e de Bali. O argumento, adaptado do livro com o mesmo nome, é sobre uma mulher que depois do divórcio, decide partir pelo mundo à procura de si própria. A banda sonora tem o mérito de juntar numa produção de Hollywood música brasileira, italiana, a Orquestra Filarmónica de Viena e Eddie Vedder. Obrigada à R. pelo empréstimo do CD. Muito bom!