Os livros não servem para sermos mais cultos, mais informados, mais preparados. Servem para estarem presentes quando tudo o resto está ausente: eles são o refúgio do mundo quando o mundo persiste em avançar do avesso. Eles são o porto que nos aguarda quando a embarcação está perdida ou destruída. Eles são o primeiro e o último brinde aos amigos que não tivemos, aos sonhos que não vieram. E, como na canção francesa, a todas as mulheres que não nos amaram.
A vida nem sempre é justa.
E raramente avança de acordo com os planos traçados. Promover a leitura seria tarefa mais fácil se, enterrada a retórica oficial, alguém dissesse simplesmente que uma existência com livros será sempre uma travessia menos solitária.
João Pereira Coutinho
João Pereira Coutinho
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