Este blog não costuma falar de política, nem eu costumo dar opiniões sobre assuntos sobre os quais não me inteirei devidamente, mas hoje venho aqui reclamar o meu direito à indignação.
Isaltino Morais é Presidente da Câmara Municipal de Oeiras há mais de 20 anos. Em Agosto de 2009 foi condenado a sete anos de prisão efectiva e a perda de mandato, bem como a pagar uma indemnização de 463 mil euros ao Estado por fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva e branqueamento de capitais. A sentença foi hoje confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa, ainda que com a pena reduzida. O autarca reafirma a sua inocência e insiste que não vai abondanar o cargo na Presidência da CM de Oeiras.
Oeiras é o concelho que apresenta um dos mais elevados índices de qualidade de vida em Portugal. Foi eleito o melhor município para estudar e para trabalhar. É ainda o concelho do país com maior número de licenciados. E dúvidas não pode haver de que este autarca contribuiu para tanto brilharete.
Mas dou por mim a pensar na ironia que é que este concelho tenha sido governado há tantos anos por um político como este.
E o que realmente me pasma é a lata e o descaramento com que políticos como este (pois que os há para aí às molhadas!) aparecem compungidos a proclamarem-se inocentes e sérios, e insistam em manter "a pasta" com a justificação de que foram eleitos pelo povo. Que as leis são pesadas e burocráticas e os tribunais são lentos, já sabemos. Mas por lá também anda muita gente séria, competente e trabalhadora, o que me faz não duvidar da setença hoje confirmada. Tanto mais que Isaltino Morais já foi Magistrado do Ministério Público, conhece a lei de fio a pavio e tem dos advogados mais reconhecidos do mercado, pelo que teve concerteza a melhor defesa possível.
Mas vergonha é que esta gente não tem. Se a coisa lhe correr bem, um recursozinho para o Tribunal Constitucional ainda arrasta isto mais uns anos e até lá logo se vê. Caso contrário, pode seguir o exemplo de outros notáveis do nosso país, ir passar umas férias ao Brasil e voltar daqui a uns anitos, a tempo das próximas eleições, com um invejável bronze e a saber dançar o samba, que pode ser que a malta ainda ponha uma cruzinha no quadradinho do boletim com o seu nome!